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quinta-feira, 7 de novembro de 2013

A grande virada e o começo de uma nova jornada

Há algum tempo atrás comecei a me cansar e me questionar sobre os rumos da vida corporativa. Foi tudo o que eu sempre não desejei: uma vida dentro de uma empresa formal, com terninhos e reuniões infindáveis, queria ser cineasta e escrever roteiros incríveis com tantas histórias que sempre criei na minha imaginação. Mas na época o cinema brasileiro estava numa fase complicada, sem muito financiamento, sem grandes lançamentos, e acreditei que na publicidade poderia trilhar por este caminho temporariamente, fazer uma graninha e depois migrar para este caminho.

 

Achei que estava com o controle nas mãos: escolhi a faculdade, fiz milhares de cursos extras adoráveis, estudava bastante (adoro estudar!), fiz grandes amigos, e assim fui seguindo. Notas boas em marketing (que é um assunto delicioso!), um estágio aqui, uma oportunidade com bom salário acolá, aprovação no processo seletivo para Trainees numa empresa super descolada... e fui seguindo em frente, subindo, degrau por degrau esta escada. Não conseguia pensar diferente: “Este é o caminho sem volta, uma vez trilhado, como vou conseguir alguma coisa que me pague um salário desses, me dê todos estes benefícios – plano odontológico, plano médico, academia na firma - e ainda me pague 13º e permita tirar férias remuneradas? Agora é tarde demais para voltar...”. Então sempre tratei minhas antigas (escrever) e novas (turismo) paixões, descobertas na estrada da vida lado a lado com a maturidade, como um plano B. Pensava: “Quando me aposentar, já tenho um plano engatilhado e vou poder fazer o que gosto de verdade.”

 

O tempo foi passando, os planos B sempre melhoravam, cresciam, aprimoravam. Surgiram os blogs e redes sociais, fontes que me permitiram extravasar minha vontade de escrever, de certa forma. Mas eu guardava cada aprendizado no bolso para “quando a hora certa finalmente chegasse”. Sempre fui muito paciente com as coisas. Sei que tudo tem o seu tempo, mesmo sendo ansiosa demais para que as coisas aconteçam, aprendi a conviver bem com o tempo. Foi assim com minha primeira viagem para o exterior, com meu piercing, com a minha tatuagem (guardada quase 10 anos na carteira), com o emprego dos meus sonhos.

 

Um dia me senti infeliz, profissionalmente falando. Faltava alguma coisa (eu), sobravam intermináveis horas de trabalho. Mas o destino meu deu um empurrãozinho: fui demitida da tal empresa depois de quase 14 anos. Sem dramas, a primeira coisa que fiz foi acessar o site do SENAC e me inscrever num curso que eu namorava quase que platonicamente. Ao invés de me desesperar, fiquei feliz e fiz uma “reunião de emergência” com meu marido para reajustarmos todas as contas. Deu tudo certo e... magicamente... tudo o que precisávamos cabia em nosso orçamento. (Para onde estava indo o dinheiro, então????? Analisando com calma, ele era todo gasto com indulgências tolas para compensar os excessos.). Vida mais simples, tempo livre para criar, tempo para me dedicar à família, estudos, planos B decolando, Empretec. Acho que não me sentia tão feliz assim, desde que havia entrado no programa de trainees. Foram 5 meses dedicados aos meus sonhos. Uma delícia.

 

Foi, então, que o tal do “emprego dos sonhos” - que comentei acima - bateu à minha porta. E claro que não pude dizer não! Me senti realizada no nível máster por vários meses. Mas como dizem nas redes sociais “só que não”. Rapidamente a euforia passou e eu voltei a me sentir como se tivesse me desviado do meu caminho. E tudo aquilo que é “normal” na vida corrida de uma grande empresa começou a pesar mais do que deveria. E eu olhava para os 5 meses que tinha me dedicado aos meus sonhos, meu plano B, com muita saudades, com muito pesar de ter deixado de lado, porque acreditava (acredito!) que é o que quero construir neste momento.

 

O texto que postei aqui neste Blog pode ter acionado alguma faísca dentro do meu coração, já que o li e reli algumas vezes nos últimos meses: http://gabircnunes.blogspot.com.br/2013/10/havia-uma-tempo-em-que-nao-havia.html

 

Enfim, não quero entrar em mais detalhes porque o post já está longo demais, mas após quase 7 meses apenas no ‘emprego dos sonhos’, fazendo coisas legais (inovação é muito legal!), numa empresa que eu realmente admiro, decidi que devia realizar meu antigo sonho agora, não quando a vida permitisse. Quis garantir que as rédeas estivessem verdadeiramente na minha mão, e que eu não começasse uma nova escalada para um caminho cada vez mais sem volta (ou mais difícil de voltar). De uma certa forma pulei deste trem com a mochila velha e comecei uma nova jornada, a pé, seguindo um mapa que eu mesma desenhei. Cá estou trilhando este caminho, encontrando a “serendipity” vez ou outra (e só são poucos dias desde a decisão e o salto real deste trem!).

 

A partir de agora este espaço vai contar um pouco mais sobre este caminho e como as coisas estão se construindo. Simples assim. Aliás, simplíssimo.